22.7.07

Este viver ao largo

Este viver ao largo
do esperar sem fim,
esperar que algo de novo
nasça em mim.

Este espreitar da verdade
assente no não existir,
na certeza do que por força
há-de vir.

São fragas partidas em campo deserto
que um querer mais forte
virá unir num ritmo certo.

Maria Natália Duarte Silva
in Mão Aberta, 1963

21.7.07

Encontro de 8 de Julho

No dia 8 de Julho, encontrámo-nos no Convento das Irmãs Dominicanas, no Lumiar, um grupo de pais (14), o Frei Bento Domingues e o Frei Augusto Matias.

Foi um espaço de acolhimento recíproco, apresentações e partilha de histórias e memórias dos nossos filhos.
Muitas pessoas apresentaram questões que lhes foram suscitadas pela reflexão sobre o texto base. Algumas destas questões foram:
- o que pensamos da oração?
- como aprender a “ouvir”, no sentido da escuta activa, tendo experiências ao mesmo tempo tão semelhantes e tão diferentes?
- não temos nome, designação linguística (não somos órfãos nem viúvos, …).
- com quem partilhamos esta(s) experiência(s) e como?
- Onde nos ‘agarramos’ quando não há uma referência ‘religiosa’?
- Como trabalhar a culpabilidade?
- É possível transmitir uma nova visão da vida?

Depois do almoço e do tempo pessoal em que também pudemos desfrutar do espaço da quinta e do dia magnífico que estava, o Frei Bento Domingues ajudou-nos a reflectir em conjunto sobre as raízes da Esperança (ver notas no blog). Terminámos com uma oração ao jeito de Taizé.
Porque quisemos desenvolver uma dinâmica de encontro com a maior margem possível de liberdade e sem qualquer constrangimento, não houve tempo para nos dedicarmos à última parte - expectativas e perspectivas – que seria óptimo, a partir de agora, pormos em comum.

No entanto, informalmente, combinámos um novo encontro em Novembro (17?) e avançar desde já com o Blog .

15.7.07

A minha Esperançazinha

Texto de Charles Péguy trazido pelo Frei Bento Domingues para o Encontro de 8 de Julho.

LE MYSTÈRE DES SAINTS INOCENTS

Madame Gervaise:

Sou eu, diz Deus, o Mestre das Três Virtudes
A Fé é uma esposa fiel.
A Caridade é uma mãe ardente.
Mas a Esperança é uma filhinha pequenina.

Sou eu, diz Deus, o Mestre das Três Virtudes
A Fé é aquela que resiste pelos séculos dos séculos.
A Caridade é aquela que se dá pelos séculos dos séculos.
Mas a Esperança (Esperançazinha) é aquela que se levanta todas as manhãs.

Sou eu, diz Deus, o Senhor das Três Virtudes
A Fé é aquela que vive tensa pelos séculos dos séculos.
A Caridade é aquela que se defende pelos séculos dos séculos.
Mas a minha Esperançazinha é aquela que todas as manhãs nos diz: bom dia!

Sou eu, diz Deus, o Senhor das Três Virtudes
A Fé é um soldado, é um capitão que defende uma fortaleza, uma cidade de rei.
A Caridade é um médico, é uma irmãzinha dos pobres que trata os doentes, que cura os feridos, os pobres do Rei.
Mas a minha Esperançazinha é aquela que diz bom dia ao pobre e ao órfão.

Sou eu, diz Deus, o Senhor das Três Virtudes
A Fé é uma Igreja, é uma catedral enraizada na terra.
A Caridade é um hospital principal que reúne todas as misérias do mundo.
Mas sem a Esperança, tudo isto não passaria de um cemitério.

Sou eu, diz Deus, o Senhor das Três Virtudes
A Fé é aquela que vigia pelos séculos dos séculos
A Caridade é aquela que vigia pelos séculos dos séculos
Mas a Esperançazinha é aquela que se deita todas as noites e se levanta todas as manhãs e faz passar verdadeiramente bem as noites.

Sou eu, diz Deus, o Senhor das Três Virtudes
A minha Esperançazinha é aquela que adormece todas as noites na sua cama de criança, depois de ter rezado bem as suas orações e que todas as manhãs acorda e se levanta e faz a sua oração com um olhar novo.

Sou eu, diz Deus, o Senhor das Três Virtudes
A Fé é uma grande árvore, é um carvalho enraizado no coração do mundo.
E, sob as asas desta árvore, a caridade, minha filha, a caridade abriga todas as desgraças do mundo.
E a minha Esperançazinha não é nada mais que esta pequena promessa de rebento que se anuncia no fim – começo de Abril.

Notas da intervenção de Frei Bento Domingues no Encontro

As Raízes da Esperança

Leitura do Texto: “le Mystère des Saints Innocents” Charles Péguy (ver no blogue "a nossa Esperançazinha")

‘Fechar a torneira do sofrimento’:
- Ao nível do nosso sistema neurológico não é possível deixar de pensar porque o cérebro humano está sempre a funcionar, mesmo durante o sono.
- Quando pensamos no nosso sofrimento pensamos “no que foi e não deveria ser”. Podemos começar a pensar a partir de: “o que nunca foi e pode vir a ser”.
A Paixão = aquilo que nos afecta
- A todos os níveis, não só ao nível dos afectos: tudo o que nos afecta
- As paixões como formas de resistir àquilo que nos ‘estraga’: uma das funções do nosso psiquismo é a de resistir.
Vivemos no desejo:
- Somos limitados. Mas gostaríamos de ser…; de ter…
A Esperança:
- A Esperança é para as situações difíceis: é desejar um bem que é difícil de atingir
- É sabermos o quanto precisamos de sair do desespero e combater
- É a virtude contra o desespero: ‘sair da fossa’, lutando.
- O que é o desespero: é partirmos do princípio que estamos derrotados. Não estamos. Se estamos vivos estamos para a luta.
Como aprender este viver com Esperança?
- não existe muita bibliografia mas existe muita biografia: muitas histórias diferentes de muita gente. Exemplo: os relatos dos presos nos campos de concentração mostram que temos muito mais força do que aquilo que pensamos.
- O sentido da compaixão (com-paixão)- o sentido cristão aproxima-se muito do sentido budista: sofrer uns com os outros e, ao mesmo tempo, combater uns com os outros. Necessitamos de nos sentir uns com os outros e de dar forças para lutar.
Como enfrentar os males que nos afectam?
- Há muita teorização sobre o Mal mas essa teorização não ajuda. Também se fala muito dos males do mundo mas é completamente diferente ser um mal de outros ou ser o meu mal – “sinto-me mal”. Este é o que interessa. “Com os males dos outros posso eu bem”.
- O que importa é fazer um “Nós” – fazer um caminho de construção do Nós – vivemos para os outros e dos outros.
- Neste caminho o que podemos encontrar: não os ‘porquês’ mas algumas respostas para:
- Como vou ser capaz de resistir aos males que me afectam?
- Como vou superar?

Uma passagem do Evangelho que a mim me diz muito, a este respeito – por acaso do Evangelho que lemos hoje (S. Lucas, capítulo 10)
- Jesus tinha mandado os setenta e dois discípulos evangelizar. Eles voltam muito contentes porque conseguiram realizar muitas coisas. Jesus também se mostra contente, diz que ‘correu bem’: “Escutai! Eu dei-vos o poder para pisarem cobras e escorpiões e vencerem a força do inimigo sem que vos aconteça mal. Mas depois acrescenta: “Mas não vos alegreis porque os espíritos maus vos obedecem. Alegrai-os antes porque os vossos nomes estão inscritos nos céus”. (Lc 10, 19-20)
- Os vossos nomes… = a vossa pessoa toda
- … estão inscritos nos céus= está no coração de Deus.
- Jesus deu-se conta disto. Na cruz, no mais atroz dos sofrimentos e da solidão, diz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46).
O que significa “estar no coração de Deus”?
- A Pessoa nunca acaba – a sua personalidade estará sempre viva.
- Assim, a revelação é darmo-nos conta que a nossa vida acontece em Deus. A este respeito S. Paulo diz: “Nele existimos, vivemos e nos movemos”.
- É o amor que nos faz existir – existimos porque somos amados.
- A morte, pelo contrário é não haver reciprocidade.
- O problema das missas dos defuntos é que nós não rezamos pelas pessoas que amamos. Rezamos com as pessoas que amamos.
- Elas estão lá, estão comigo e são mais verdadeiras do que eu
- E quem preside à celebração é Jesus Cristo.

O problema da nossa fé e esperança está no sofrimento:
- para os cristãos a cruz é o símbolo da vida truncada e ao mesmo tempo a negação dessa vida truncada, o ‘Não!’
- os que chegam ao desespero são os que mais amavam a vida e não conseguem aguentar a ‘desvida’.

Qual a raiz da Esperança?
- A Raiz da Esperança : dê por onde der, somos amados
- Como regar esta raiz?
- A única forma de regar essa raiz - a esperança - é a oração.
Como rezar?
- Cada um reza como pode
- saber criar disponibilidade interior para a renovação da nossa esperança
- A oração é esse tempo que dedicamos a sabermos que somos amados e a sabermos que os nossos estão num reino de Luz
- Pedir a ajuda dos nossos, dos que amamos? Por que não? Deixemo-los entrar na nossa vida presente. É que o amor é a única coisa que nos ajuda. Se eles estão no amor de Deus, eles é que nos podem ajudar. São ‘especializados’ em cuidar de nós, em tratar da nossa alegria.
- Porquê?
- Porque nós nascemos por causa da alegria.


Notas de: Mimi Paes e Luís Wemans
Convento das Monjas Dominicanas do Lumiar

Lisboa 8 de Julho de 2007

13.7.07

A Esperança

A Esperança
vem não se sabe donde
chega mais longe que nós
enraíza-nos ao céu
enlaça-nos os braços
e as mãos
A Esperança
que nos sufoca
ao ponto de escavá-la
de gritá-la
de vivê-la sem fim.
Frágil, tão frágil como a flor do trigo
ela semeia os nossos caminhos
ela alimenta os nossos depois-de-amanhãs
e faz soar os nossos risos
mais longe que a Terra.

in Revista "Pierres Vivantes" nº 115

Texto Base

Somos um grupo de pais. Experimentamos em comum a partida de um filho.
Esse acontecimento transformou radicalmente as nossas vidas. Trouxe o absurdo mais cru para o nosso dia-a-dia. Transformou, também, a vida em família.
Partilhamos, ainda, um profundo desejo de (re)encontrar um sentido para a vida. E de fazê-lo em conjunto, como quem (re)começa uma caminhada por passagens desconhecidas e não vai sozinho.
Queremos aprender caminhos de confiança. Temos intuições mas poucas certezas.
Como primeiro passo, decidimos abrir um espaço de encontro(s). Um espaço em que qualquer pessoa, nestas circunstâncias de limite, possa sentir-se ouvida, útil e viva, como em casa. Um espaço que se vá criando em ambiente familiar e que se vá consolidando, entre nós e para além de nós. Que vá crescendo e multiplicando paz, sabedoria e comunhão. Gostávamos de pôr a esperança numa vida melhor no centro deste espaço.
Porque neste grupo inicial todos somos cristãos, Jesus de Nazaré, a quem chamamos Cristo, é a nossa Esperança. Mas, e esta é nossa firme convicção, recusamos impor a quem quer que seja a nossa fé. Partilhamos exactamente a mesma dor com os outros pais, cristãos ou não, que estão a tentar ultrapassar a angústia e o desânimo causado pelo desaparecimento físico dos seus filhos, acontecimento que subitamente inverteu aquilo que parecia ser o curso ‘natural’ da vida.
Partilhamos, pois, essa mesma dor em todos os sentidos mas lutamos activamente contra uma das suas prováveis consequências, a de permitir que o desespero se apodere de nós e nos mantenha cativos no fundo do abismo do nada.
De onde nos vem a esperança que afirmamos?
- sentimos, nos momentos mais dramáticos, uma forte sintonia / solidariedade com aqueles que já tinham passado por situações semelhantes e como a sua presença, mesmo que discreta, nos mostrava que era possível viver com a dor.
- intuímos e/ou acreditamos que cada um dos nossos filhos, quaisquer que tenham sido as circunstâncias do seu desaparecimento / falecimento, continua vivo.
Não sabemos explicar estes mistérios. Acolhemo-los o melhor que podemos.
E sabemos, por experiência de alguns de nós e de muitos pais em todo o mundo, em todos os tempos e lugares, que é possível refazer a esperança, contra tudo e contra todos.
Acreditamos, ainda, que é possível dar esperança ao mundo. A experiência terrível que vivemos colocou-nos face ao essencial e devolveu-nos uma transparência no olhar a vida e as coisas e uma relativização dos problemas que antes pareciam tão importantes e intransponíveis. É isso que nos faz pensar que talvez possamos contribuir para alguma mudança.
Quem sabe, podemos ajudar outros, ajudando, no mesmo movimento, as diferentes comunidades, sejam elas religiosas ou laicas, da nossa sociedade, a olhar e a viver a morte de frente, como realidade incontornável da vida. Quem sabe, algum dia, conseguiremos encontrar, em nós e à nossa volta, sementes de esperança no próprio processo gerado pela partida dos nossos filhos e contribuir para ultrapassar o tabu da morte que desumaniza cada vez mais as nossas sociedades.
De facto, quase nunca encontramos, nos circuitos e relações da sociedade actual, nem mesmo em muitas das comunidades por onde passamos, espaços para reflectir sobre estas questões, sem preconceitos nem barreiras. Por vezes, alguns de nós têm-se sentido (e todos já encontrámos pais que sentem o mesmo) mais ou menos deslocados ou, até, afastados ou privados do direito de viver o seu luto /expressar a sua dor, nos mais diversos contextos. Mesmo nas relações que pareciam mais consolidadas. E, até, no seio de algumas comunidades eclesiais.
Ao mesmo tempo, contudo, todos reconhecemos com optimismo a existência e tendência positiva para o surgimento de grupos, associações ou instituições que acolhem e ajudam pais, respondendo aos mais diversos níveis de intervenção nos processos de luto.
Não queremos, de modo nenhum, criar uma organização alternativa ou substituirmo-nos a alguma dessas respostas – sejam elas terapêuticas, de ajuda mútua ou individual, de formação catequética ou teológica, de intervenção social e política…
Pelo contrário, pretendemos valorizar o que de bom já existe, espaços a que alguns de nós inclusivamente se têm socorrido com sucesso, e novas iniciativas, divulgando-os, em função das necessidades de cada um, entre as pessoas que venham a contactar este espaço.
Também não queremos criar um espaço fechado de auto-comiseração nem de andar em círculos viciosos a escavar no próprio sofrimento mas, antes, construir possibilidades de libertação pessoal e colectiva.
A ideia é de possibilitar confluências de vontades e projectos, de pessoas com diferentes experiências e processos de reencontro consigo mesmas e com a vida, num espaço que possa dar frutos em termos de novos sentidos e caminhos, procuras e comunhões.
Reconhecemos que, ao recusarmos o papel de ‘vítimas’ e actuarmos em favor de uma cultura de sentido para todos, o nosso reencontro acontecerá mais autêntico.
Sabemos também, por experiência própria, que a vivência do limite é feita por cada um de nós de uma forma muito particular: uns com necessidade de maior actividade outros mais contemplativos; uns com uma atitude de maior aceitação, outros com fortes dúvidas em relação à vida; uns sentindo a solidariedade de forma intensa, outros pondo em causa as respostas da Igreja e da sociedade a estes problemas; uns retomando rapidamente a vida quotidiana, outros sentindo necessidade de grandes rupturas e a procura de outros caminhos. Muitos de nós oscilamos entre estas diferentes posições extremas.
É nossa convicção que só uma metodologia vivencial e diversificada será capaz de responder à riqueza do grupo, fazendo com que cada um possa pôr a render ao serviço dos outros os seus talentos.
Concretamente, propomo-nos começar com:
- um espaço central de partilha e reflexão temática, em ambiente simples e calmo, marcado pelo acolhimento recíproco e com a participação de convidados (pessoas que pela sua presença, caminho e/ou vocação reflectem há muitos anos essas questões e acompanham de perto o crescimento espiritual de todo o tipo de pessoas em situação limite). No final desses encontros, só para quem quiser ficar, haverá um espaço de oração. Propomos uma média de três encontros por ano.
- a dinamização de dois (ou mais) grupos de interesse. Para já, achamos possível arrancar com um grupo de reflexão temática, com base na obra “Lições de vida” (Kessler e Kübler–Ross), organizado por relatos que ilustram temas como ‘o perdão; ‘o medo’; ‘a autenticidade’; ‘a paciência’ e em outros textos e um outro grupo em torno de propostas de renovação da liturgia relacionada com a celebração da vida e da morte.
- um núcleo de pessoas disponíveis para estabelecer contactos, pessoa a pessoa, (deixando em aberto a possibilidade de apoio individualizado) e fortalecer uma rede de inter ajuda.
- um blog onde possamos trocar experiências pessoais, dar a conhecer uns aos outros textos, iniciativas, filmes, livros, sugerir tópicos de reflexão, estabelecer links com as mais diversas experiências.
Estas são algumas ideias de um projecto que nos sentimos chamados a construir.

Antónia Craveiro, Fátima Belo, Isabel Sales Henriques, Luís Wemans e Mimi Paes

Lisboa, Páscoa de 2007

11.7.07

e de novo acredito

Postal de Rosário Melo sobre pintura de Zao Wou-Ki

E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
Miguel Sousa Tavares, in "Não te deixarei Morrer David Crocket", 2005

1.7.07

algumas propostas

- um espaço central de partilha e reflexão temática, em ambiente simples e calmo, marcado pelo acolhimento recíproco e com a participação de convidados.No final, haverá um espaço de oração. Prevemos uma média de três encontros por ano.

- a dinamização de dois (ou mais) grupos de interesse. Para já, achamos possível arrancar com um grupo de partilha, com base na obra “Lições de vida” (Kessler e Kübler–Ross), organizado por relatos que ilustram temas como ‘o perdão; ‘o medo’; ‘a autenticidade’; ‘a paciência’ e em outros textos e um outro grupo em torno de propostas de renovação da liturgia relacionada com a celebração da vida e da morte.

- um núcleo de pessoas disponíveis para estabelecer contactos, pessoa a pessoa,

- O blog onde possamos trocar experiências pessoais, dar a conhecer uns aos outros textos, iniciativas, filmes, livros, sugerir tópicos de reflexão, estabelecer links com as mais diversas experiências.

A nossa identidade

Somos um grupo de pais. Experimentamos em comum a partida de um filho.
Esse acontecimento transformou radicalmente as nossas vidas.
Partilhamos, ainda, um profundo desejo de (re)encontrar um sentido para a vida. E de fazê-lo em conjunto, como quem recomeça.
Queremos aprender caminhos de confiança. Temos intuições mas poucas certezas.
Como primeiro passo, decidimos abrir um espaço de encontro(s). Um espaço em que qualquer pessoa, nestas circunstâncias de limite, possa sentir-se ouvida, útil e viva, como em casa.
Gostávamos de pôr a esperança numa vida melhor no centro deste espaço.
Porque neste grupo inicial todos somos cristãos, Jesus de Nazaré, a quem chamamos Cristo, é a nossa Esperança. Mas, e esta é nossa firme convicção, recusamos impor a quem quer que seja a nossa fé. Partilhamos exactamente a mesma dor com os outros pais, cristãos ou não, que estão a tentar ultrapassar a angústia e o desânimo causado pelo desaparecimento físico dos seus filhos, acontecimento que subitamente inverteu aquilo que parecia ser o curso ‘natural’ da vida.