22.9.07

O blogue depois das férias

Cá estou de novo envolvido no arranque de mais um ano lectivo. É sempre muito complicado retomar estes ritmos tão intensos sentindo que nesse recomeçar há uma profunda ausência, há um caminho mais solitário a percorrer. No entanto, como diz o Miguel Sousa Tavares “enquanto me lembrar, estarei vivo, porque esse é o mais certo indício de vida. Eu estarei vivo e, vivendo, não deixarei morrer quem caminhou comigo, ao longo do caminho”.

Durante as férias o Blogue ficou parado sem novos contributos. Com ajuda da tecnologia ensinada pelo Zé Pina, ficámos a saber que foi visitado por algumas pessoas. Pena foi que ainda não tenham deixado um comentário, um texto, uma participação.

Relembro o apelo inicial a uma maior participação de todos de forma a construirmos um blogue onde possamos trocar experiências pessoais, dar a conhecer uns aos outros textos, iniciativas, filmes, livros, sugerir tópicos de reflexão.
Luís

4 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia

Cheguei ao vosso bolg através de uma colega que considero já uma amiga. Só uma amiga sabe chagar até nós nos moemntos difíceis.
À Vera, muito obrigada.

Eu também perdi uma filha. Foi há pouco tempo (29 dias), mas parece que passou uma eternidade. Partiu no meio de um sofrimento atroz e, nós pais, já só pedíamos a Deus que fizesse o melhor para ela, ou seja, se fosse de Sua vontade que a levasse depressa.
Durante muito tempo, rezei para que se curasse. Não foi possível. Dói-me sobretudo, não o ter partido, mas saber que ela conheceu e sentiu a chegada desse momento. Caminhou para ele a passos largos, com uma coragem, um altruísmo e uma força de viver que emocionava todos os que a rodeavam. Ninguém lhe ficava indiferente. Foi um exempl de vida, difícil de caber em palavras, mas merecedor de ser conhecido.
Ela só tinha um desejo: viver uma vida normal. Nunca conseguiu realizar esse sonho, mas nunca desistiu dele. É isto, sobretudo, o que me faz sofrer. Gostaria de pensar que ela foi feliz e foi feliz que partiu. Seria um grande consolo. Abençoados os pais que sabem isso dos seus filhos.

Não vou falar da saudade...isso, todos conhecem, bem demais. Nem do vazio, nem da tristeza, nem desta sensação de sufoco e de loucura quando a "revejo" sem vida ou na sua luta desigual contra a morte. São momentos...
Outros, sinto uma grande serenidade.
Adorava a minha filha (também não é nada de inédito. Todos os pais adoram os seus filhos)

Não sei se poderei ajudar em alguma coisa, ou sequer se me podem ajudar. Sinto - isso sim - uma grande necessidade de falar dela, de levar o seu nome e a sua história a todos e a todos os lugares que conseguir.

Tinha feito 24 anos há algumas horas. Chama-se (não gosto de dizer "chamava-se") Margaret (Margot ou Maggie, conforme o gosto dos amigos) e foi um anjinho que habitou entre nós.

Uma braço fraterno para todos.
AnaPaula Pinto

http://alemvirtual.blog.sapo.pt

Anónimo disse...

(Pois, desculpem as "gralhas". Não reli)

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Querida Paula, queridos pais:

Hoje acordei e li a mensagem da Paula. Bem haja!

Pois, não sabemos se vamos ajudar ou se alguém poderá ajudar-nos... acho que a maior parte dos pais em luto sente o mesmo.

Quero que a Paula saiba que já me ajudou e muito.

Passei este sábado chuvoso a pensar em tudo o que escreveu.

Senti uma grande sintonia que na verdade me ultrapassa: a Margaret e a Rita uma com a outra, ambas em nós.

Meninas da mesma geração (a Rita nasceu há 25 anos e meio, partiu desta terra há cinco anos e meio), e como as suas curtas passagens por este lugar e tempo inspiraram e inspiram tanta gente.

Connosco, comigo é assim: quanto mais tempo passa mais sentimos a imensidão do amor da Rita, tudo o que ela nos deu e dá. Em vez de mais afastada, mais junto. A dar força mesmo naqueles dias de sombra. não dá para dizer por palavras até porque esse sentimento não exclui aquele vazio.

Ando a aprender a encher o vazio, devagarinho, aos poucos. Acredito que vou conseguir. O acreditar tem-me ajudado tanto.

Há bocado escrevi uma mensagem enorme e depois carreguei numa tecla errada e desapareceu tudo. Não faz mal, vamos partilhando aos poucos, um pensamento de cada vez.
A vida não é como a gente quer, é como a gente consegue acolher e ir-se esculpindo(em lágrimas e em risos)...

Era sobre a geração delas e dos amigos delas. Os da Rita,com quem temos tido sempre ligação - muitos deles estão também num blog que criaram "enchamos tudo de futuros" - temo-los conhecido melhor: é uma geração que sonha; gente com uma criatividade incrível, amigos incondicionais uns dos outros, estes meninos que vimos crescer, agora à procura de uma inserção profissional que lhes faça sentido. O que vemos é que têm tudo menos uma vida normal, pelo menos dentro dos nossos parâmetros. São capazes de se desinstalar, de inventar novos rumos, de encontrar em todo o lixo uma poeira de estrelas...

deixo estas reflexões, feliz com o facto de a MARGARET E A PAULA TEREM ENTRADO NA MINHA VIDA... e terem ajudado a gerar partilha aqui no blog!

um grande abraço,
Mimi